Falar de Amazônia é falar de algo gigantesco. Ela abrange a região da Bacia Amazônica, considerada a maior bacia hidrográfica do mundo, que ocupa aproximadamente sete milhões de km2. Seu principal rio é o Rio Solimões/Amazonas, mais extenso (6.868 Km) e volumoso do planeta, que possui mais de 1.100 afluentes que desaguam no Oceano Atlântico, lançando cerca de 175 milhões de litros de agua por segundo.

 

Considerada a região de maior biodiversidade do mundo, o bioma Amazônia não é exclusivo do território brasileiro, abrangendo áreas de outros oito países sul-americanos. Compreende assim o conjunto de ecossistemas que correspondem à Floresta Amazônica, maior floresta tropical do planeta, com uma fauna extremamente rica e com mais de 30 milhões de espécies, e uma flora bastante diversificada, constituída por árvores, ervas, arbustos, lianas e trepadeiras.

 

Iniciando algumas passagens de sua história, Portugal e Espanha assinaram em 1494 o conhecido Tratado de Tordesilhas, segundo o qual portugueses ficaram com a porção leste do território brasileiro e os espanhóis com a sua parte oeste, colocando então a Amazônia sob domínio espanhol.

 

Mas somente após o século XVI os portugueses e espanhóis iniciaram a sua conquista com a interação com a população local. Merecem destaques as missões religiosas com as expedições de Francisco de Orellana (1540 a 1542 descendo o Rio Amazonas) e de Pedro Teixeira (1638 e 1639 subindo o Rio Amazonas).

 

Em 1750, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, definindo que quem usava e ocupava a terra teria o seu direito. Logo, os portugueses conseguiram o direito sobre a Amazônia, iniciando o estabelecimento da fronteira do território brasileiro naquela região.

 

No final do século XIX, teve início o ciclo da exploração da borracha brasileira na Amazônia, motivado pela Revolução Industrial, fazendo com que fábricas, principalmente
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[1] Gen Veterano - Ex Diretor de Governança e Estratégia dos Correios; antigo Subchefe de Operações e Subchefe de Logística e Mobilização do Ministério da Defesa, e Comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva.

inglesas, importassem matéria prima em grandes quantidades. Importante salientar que, entre 1870 e 1900, aproximadamente 300 mil nordestinos migraram para a região a fim de trabalharem nos seringais.

 

Entre 1907 e 1915, coube ao futuro Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon o estabelecimento de linhas telegráficas ligando Mato Grosso à Amazônia, abrindo estradas, mapeando florestas, rios e montanhas, e estabelecendo relações cordiais com os índios. Voltando à Amazônia, de 1927 a 1930, Rondon recebeu a missão de inspecionar as fronteiras do centro-oeste e norte brasileiros, checando as condições de povoamento e segurança. Como reconhecimento, o meridiano “52 W” recebe o seu nome, sendo Rondon a segunda personalidade a receber tal honraria.

 

Já em 1940, o então presidente Getúlio Vargas deu início a uma política para a ocupação do oeste brasileiro, a chamada “Marcha para o Oeste”. Nesse contexto, especificamente para a região Norte, considerando a extensão da Floresta Amazônica, foi promulgada a Lei nº 1.806, de 6 de janeiro de 1953, que estabeleceu o Plano de Valorização Econômica da Amazônia, abrangendo a área referente aos atuais estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima, Pará, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, a conhecida Amazônia Legal, representando 60% do território brasileiro.

 

Com o intuito de integrar a Amazônia com o restante do Brasil, os militares, a partir dos anos de 1960, pregaram a unificação do País e a proteção da floresta contra o que ainda se considera a possibilidade de sua internacionalização. Utilizando um discurso nacionalista, realizaram várias obras de infraestrutura para a ocupação da região, sendo que a principal foi a rodovia Transamazônica. Foi a chamada política “Integrar para não Entregar“.

 

Nesse contexto, surge a Zona Franca de Manaus (ou Polo Industrial de Manaus), instituída em 1957, mas efetivamente operacional em 1967, como uma área industrial criada pelo governo federal na tão distante região amazônica, a fim de atrair fábricas para uma área pouco povoada e assim promover uma maior integração daquela região com o restante do Brasil. Atualmente, compreendendo três polos econômicos (comercial, industrial e agropecuário), ela possui um moderno aparato tecnológico com mais de 550 indústrias que produzem eletrodomésticos, televisores, celulares, computadores, motocicletas, bicicletas, relógios e vários outros itens. Seu faturamento anual é superior a R$ 120 bilhões, gerando mais de 500 mil empregos diretos e indiretos (SUFRAMA, dados de 2021). Assim, pode-se dizer que o Polo Industrial de Manaus é um excelente exemplo de interação sustentável da preservação com o desenvolvimento da nossa Floresta Amazônica.

 

A partir da década de 1980, a Amazônia, rotulada como “pulmão do mundo”, começou a ter repercussão internacional, em função do aumento dos índices de desmatamento, visando à produção de soja e outros produtos e à pecuária. Conflitos internos também apimentaram essa percepção mundial.

Fonte: Brasil Escola

Fortificações na Amazônia (1616 – 1783)

 

A união das coroas ibéricas (1580 a 1640) atraiu europeus inimigos da Espanha (ingleses, franceses e holandeses) para a Amazônia. No entanto, a forte e objetiva ofensiva luso-brasileira conseguiu expulsar todos os estrangeiros que procuraram se estabelecer naquela imensidão.

 

Estudiosos definem a manobra geopolítica portuguesa para a Amazônia com três principais objetivos: (1) o domínio da foz do Rio Amazonas; (2) a expansão portuguesa até os limites da Bacia Amazônica; e (3) a ocupação e consolidação do centro daquela região (São José da Barra do Rio Negro, futura cidade de Manaus, AM).

 

Assim, a fim de defender a integridade e a soberania de Portugal sobre a Amazônia, diversas fortificações foram construídas em posições estratégicas, garantindo a tal expansão territorial e a consequente colonização da região, fixando marcos que impedissem a penetração estrangeira em solo pátrio.

 

O primeiro forte que merece destaque é o Forte do Presépio, berço da cidade de Belém do Pará, que serviu de ponto de partida para a expulsão de estrangeiros que se instalaram no Baixo Amazonas, e principalmente para reconhecimento, conquista e exploração da Amazônia, além de permitir a ligação terrestre entre Belém e São Luís do Maranhão.

 

Outro forte importante é o Real Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, a maior fortificação portuguesa erguida fora do continente europeu. Em termos econômicos, o principal e real objetivo espanhol sobre a bacia do Rio Guaporé e seus afluentes era a exploração de ouro, estabelecendo missões jesuítas naquela área, ocasionando uma série de conflitos.

Fonte: Fortes na Amazônia – EB

Ciclo da Borracha (1840 – 1912)

 

Com a descoberta da vulcanização da borracha em 1840, a cobiça de vários grupos estrangeiros levou a tentativa de domínio das fontes de látex (até então exclusivas da Amazônia) existentes principalmente no que hoje é o estado do Acre, incorporado ao Brasil por meio do Tratado de Petrópolis em 17 de novembro de 1903.

 

Em 1876, uma enorme carga de sementes de seringueira foi contrabandeada para a Inglaterra, como se fossem sementes de orquídeas, num escandaloso caso de biopirataria.

 

Decorridos esses 72 anos, época em que a borracha representava cerca de 50% das exportações brasileiras, o colapso econômico da Amazônia se materializou.

 

Esse ciclo foi parcialmente revivido durante a 2ª Guerra Mundial, no esforço de guerra capitaneado pelos “Soldados da Borracha”. Com o surgimento da borracha sintética, mais uma vez a economia regional foi significativamente impactada.

Fonte: Bolas de borracha – Guia Geográfico

Com isso, fica resumidamente exemplificada na história da NOSSA Amazônia brasileira a necessidade de sua defesa contra a exploração das incontáveis riquezas lá existentes, muitas vezes capitaneada pela presença de intrusos travestidos de legalidade, bem como a retirada, por meios ilegais, de tudo o que a NOSSA Amazônia pode oferecer ao Brasil; a busca da perfeita sinergia entre preservação, desenvolvimento e proteção deve ser um objetivo perene de toda a sociedade brasileira.

 

Por fim, merece destaque o dia 05 de setembro, Dia da Amazônia, que deve sempre ser lembrado com o objetivo de conscientizar toda a Nação sobre esse importantíssimo patrimônio natural.